Descobrindo quem sou eu. Quem eu pensava que era, não era... Só o que nunca duvidei é que amo a arte! Sou vidrada em arte!...Essa capacidade de reinventar, recriar, reciclar...
Enquanto trabalho o vidro, tentando criar formas e cores, faço reflexões e encontro algumas analogias. O vidro: É transparente como podemos ser em nosso caráter. Tem dureza e rigidez próprios de nossa personalidade - defesas que criamos - e que podemos transformar... Quanto mais espesso, mais pesado, como pesam também essas defesas, que muitas vezes nos protegem de algumas dores, mas de alegrias também... O vidro permite-se amoldar, como ao ser humano também é permitido (num processo meio ao inverso) voltar ao molde original, à essência perfeita, Obra de Arte do Criador, que vamos distorcendo pela vida. O vidro, num processo de grande estresse, à alta temperatura, amolece primeiro e depois vai tomando a forma do molde que lhe damos. Na vida também podemos fazer um processo semelhante: amolecer nossas defesas para revelar a forma da essência de que todos somos feitos, que é pura beleza... Ao final, o vidro pode ser, assim como a vida, uma "Obra de Arte".
Livros que me acrescentam
EPSTEIN, Mark. Partir-se sem quebrar
ESTÉS, C. Pinkolas. Mulheres que correm com os lobos
LESSIN, Doris. Prisões que escolhemos viver.
NESSE, Handolph. Por que adoecemos?
PIERRAKOS, Eva. O caminho da auto-transformação
Sobre a arte e os artistas
"Toda a obra de arte é uma personalidade. O artista vive nela, depois dela ter vivido longo tempo dentro dele." (Vargas Vila) "A arte não reproduz o que vemos. Ela nos faz ver." (Paul Klee) "O artista não é um tipo diferente de pessoa, mas toda pessoa é um tipo diferente de artista." (Eric Gill)
"A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdadeira." (Theodor Adorno)
"A arte é cúmplice do amor. Tire o amor e não haverá mais arte." (Remy de Gourmont)
"Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma." (George Bernard Shaw)
Todas as artes contribuem para a maior "Existe um artista aprisionado em cada um de nós. Deixe-o solto para espalhar alegria por toda parte." (Bertrand Russell) "Um artista é apenas um homem comum com uma enorme potencialidade - mesmas ferramentas, mesma maquiagem, apenas mais força. E a força que guia sua vida geralmente acha seu ponto fraco, e então ele enlouquece ou deprime." (David Herbert Lawrence) De todas as artes, a arte de viver." (Bertold Brecht)
O que não me interessa e o que me interessa
Texto sem autoria, que eu gostaria muito de ter escrito. Fonte: A busca do caminho da evolução – Curso ministrado por Marcelo Urban - DVD 5-2000, 12
"Não me interessa saber como você ganha a vida, quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer os anseios do seu coração... Não me interessa a sua idade, quero saber se correria o risco de parecer tolo por seus sonhos, pela aventura de estar vivo, de parecer tolo por ser capaz de amar, de soltar suas defesas, pelo menos diante do ser querido... Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua, quero saber se já foi ao fundo das suas próprias tristezas... Se as traições da vida o enriqueceram, ou se você retraiu-se e fechou-se com medo de mais dor ... Quero saber se você consegue conviver com a sua dor, e com a minha e sua dor, sem tentar fugir dela, escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la... (mas focá-la) Quero saber se é capaz de conviver com a alegria, a minha e a sua, e dançar com abandono, deixando o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos, em estado de graça, sem nos advertir que sejamos “cuidadosos”, que sejamos “realistas”, que nos lembremos das “limitações” da condição humana. Não me interessa se a história que você conta é verdadeira (porque qualquer história é falsa, e sendo assim acaba-se o medo de ser enganado). Quero saber se você é capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro consigo mesmo... manter-se fiel a sua alma... Se é capaz de suportar a acusação de traição e não trair sua própria alma... (Livres do apego nunca nos trairíamos, nunca nos prostituiríamos, nunca abandonaríamos o sonho do coração. Só quem é fiel consigo é fiel com o outro.) Quero saber se é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita. Não me interessa onde você mora e nem quanto dinheiro ganhe... Quero saber se você é capaz de acordar depois da noite de tristeza e de desespero, exausto, ferido até a morte e mesmo assim seguir seu caminho confiante, e ser capaz de fazer o que tem de fazer... Não me interessa onde ou com quem estudou, nem mesmo como chegou até aqui, quero saber o que te sustenta interiormente, quando parece que tudo desabou... Quero saber se é capaz de conviver com os fracasssos, os seus e os meus, e mesmo assim se portar às margens de um lago, à tarde, repleto da lua... Quero saber se você é capaz de ficar consigo, no vazio e, no momento de vazio, gostar e ser boa companhia para si mesmo, e não buscar a companhia do outro, só para não ficar no vazio... Nem quero saber como se chama, mas quero saber se é capaz de me pôr a atenção, mesmo quando falo algo que lhe dói..."
A outra parte de quem sou eu
Eu não sou o meu nome, que recebi de meus pais e aprendi a gostar, embora talvez escolhesse outro, se tivesse podido... E não sou a difícil mistura, que trago em meu caráter e em minhas emoções, da combinação de um pai extremamente dominador, autoritário e ególatra, e uma mãe absurdamente submissa... Eu não sou a criança medrosa que fui, nem a adulta que se mascarou de fortaleza, corajosa e poderosa, para sobreviver aos limites físicos de uma pólio, que aparentemente, nunca me limitou, nem me impediu de nada: dançar, nadar, dirigir... Eu não sou essas máscaras e outras tantas que inventei... Eu não sou a adolescente teimosa, introspectiva, desconfiada, questionadora, de olhar profundo, talvez sombrio, que guardava segredos de uma angústia existencial e de uma luta interna que tiravam o sono e quase enlouqueciam... Eu não sou a devoradora de livros, no afã de compreender o mundo e o sentido da vida sem sentido que eu vivia e via... Eu não sou a religiosa que acredita no Deus das religiões... Eu não sou a fortaleza que parecia ser quando enfrentei com galhardia os episódios mais dolorosos de minha vida... Eu não sou a voz que sabe entoar lindas melodias, com afinação e beleza que tocam a emoção de quem ouve. Eu não sou a apaixonada por Jobim, Vinícius, Chico... Não sou meu sonho, deixado lá atrás, de ser uma cantora como a Elis Regina ou a Billy Holliday... Eu não sou a nota "A com louvor", porque apaixonada pelas matérias que me fascinavam na faculdade: Filosofia, Lógica e Literatura... e pelos professores dessas matérias, que ainda guardo na memória e no coração... Também não sou a nota "D" nas matérias que me assustavam: Matemática, Física e Química... Eu não sou meus títulos, ou os rótulos que me dão: Funcionária Pública, Bibliotecária, Artista plástica, Vidreira, Cantora, Escritora talvez... Difícil, insubordinável, incansável, persistente, organizada, empreendedora, exigente, controladora, controlada... Irmã-mãezona, mandona, metida, intrometida, sabe-tudo, chata, impaciente, independente demais... Eu não sou a boazinha, e não sou a durona... Eu não sou aquela atormentada que, mais de uma vez na vida, na ânsia de encher um buraco interno, deixou tudo que tinha, jogou tudo pro alto e aventurou-se num novo desafio, acreditando que, sem ter tempo de pensar, deixaria de sentir o grande "vazio” ... Eu não sou aquela que acreditava que “felicidade era enfrentar desafios”... E desafios bem difíceis, de preferência... Eu não sou aquela que parece ter uma antena para atrair relacionamentos infelizes, amores impossíveis, homens indisponíveis, com dificuldade ou avareza de afeto, ou simplesmente, com medo de amar... Eu não sou aquela que acreditou um dia numa ilusão de ser “especial” e diferente... Não, eu não sou aquela dor que me atravessou o peito, como um punhal, desengano maior, após tantos desenganos... Eu não sou nada disso... E sou tudo isso também... Sou o que somos todos, a mistura dos opostos que criamos, atrás dos quais escondemos nosso verdadeiro Ser, essência que se revela, quando conseguimos olhar para as sombras, que queremos esconder... Eu sou meu nome, que hoje ressoa para mim, como uma melodia, e não escolheria outro se me fosse permitido... Eu sou as características combinadas de meus pais, que aprendi a amar, depois que comecei a compreender meu próprio caminho e minhas próprias emoções. Eles foram para mim, assim como meus irmãos são, exatamente o que minh’alma precisava em sua caminhada e me proporcionam, assim como todo relacionamento, exatamente as experiências necessárias para eu aprender e evoluir neste planeta. Eu sou a verdadeira fortaleza que me fez superar, com galhardia e fé, os episódios dolorosos de minha vida, os que nunca imaginaria acontecer comigo, mas aconteceram e segui em frente... Eu sou os verdadeiros atributos de força, poder, coragem, liberdade, amor, habilidade e tantos outros, encobertos atrás do medo e das emoções negativas, que eu queira esconder de mim mesma... Eu sou a adolescente investigadora, que queria entender a vida porque queria viver plenamente, sem saber que, para viver plenamente só era preciso “sentir” a vida... Eu sou a religião da minha consciência que se revela a cada dia, e o Deus que eu sigo é o Deus de meu coração. Eu sou a própria melodia que canto quando ela sai de minh’alma. Eu sou toda a sabedoria do mundo, que me está disponível em meu interior, quando me harmonizo com ela, mais do que o conhecimento intelectual dos livros que li... Eu sou arte que expresso, e o trabalho que realizo com amor, quando estou centrada em meu Ser... Também sou a irmã amiga e amorosa, como todos os irmãos da grande família que tenho também o são, quando estamos em harmonia e saímos das defesas, deixando somente o Ser atuar... Eu sou minhas crenças, (esta foi a maior descoberta que fiz), que atraem para mim os eventos e os relacionamentos de minha vida e hoje sei que, quando extraio das coisas doçura ou amargor, é porque nelas ponho, através de minhas crenças inconscientes, amargura ou dulçor. Eu sou o sonho do meu coração... Eu sou a liberdade de ser... E sou um Ser único e especial. Eu sou os talentos que consigo realizar nas atividades que desenvolvo... Eu sou essa Essência por detrás da sombra e da máscara... Eu sou o "cheio" que encontrei quando toquei o vazio do qual queria fugir... Tocar o vazio é encontrar a sombra e abraçá-la, para então encontrar também a luz... e compreendo que elas andam mesmo juntas... "Quem não sabe a sombra, não sabe a luz", já dizia um poeta... E isto é uma grande verdade! Eu sou a compreensão de que a vida é isso, um constante aprender e evoluir... a consciência ... Eu sou o que todos somos... Eu sou a graça de viver... Eu sou o sentido que isto pode ter, o que não conseguia antes perceber: Que a vida é Graça! E vale a pena viver! “Gracias a la Vida!” "Por me há dado tanto...!"
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